Leia o post original por Vitor Birner
De Vitor Birner
Cruzeiro 1×1 São Paulo
O clichê ”empate com gosto de vitória” é perfeito para o São Paulo no empate diante do Cruzeiro.
O time tinha muitas dificuldades na criação e Antonio Carlos acertou o cabeceio durante os acréscimos no tempo da partida.
O clichê do lado dos Celeste foi o do “sabor de derrota” após somarem um ponto nesta partida.
Na verdade, tanto os comandados de Muricy quanto os de Marcelo Oliveira não souberam como criar chances claras de gol.
O Cruzeiro, que ganhou a disputa no meio de campo e teve mais posse de bola ofensiva enquanto marcou a saída de jogo, parou na marcação do adversário.
Fez o gol na falha de Rogério Ceni.
A cobrança de falta de Júlio Baptista era defensável. Foi quase no meio do gol.
O São Paulo só conseguiu frequentar o ataque depois de ficar em desvantagem decidiu porque avançou todo seus atletas e o Cruzeiro topou a mudança ao recuar e tentar ampliar a diferença nos contragolpes.
O campeão brasileiro foi incompetente na hora de executá-los, assim como os são-paulinos na articulação das jogadas para chegar ao empate.
Pelo chão, nada construíram.
Conseguiram a igualdade no gol de cabeça de Antônio Carlos, que ganhou a disputa por cima contra Bruno Rodrigo e cabeceou muito bem.
O jogo foi tão pobre de lances de gol, que o 0×0 explicaria melhor como foi.
Diferentes 4-2-3-1
Marcelo Oliveira e Muricy posicionaram seus respectivos times, tal qual costumam fazer, com dois volantes atrás do trio de criação e um atleta na frente de todos eles executando a função do centroavante.
Ceará e Samudio, assim como Douglas e Alvaro Pereira, ajudam no trabalho ofensivo.
Os treinadores também dão liberdade para um dos volantes avançar quando a equipe está com a bola.
O desenho tático, apesar de ser, em tese, muito parecido, na prática era bem diferente por causa das características dos atletas de criação.
O campeão brasileiro com Éverton Ribeiro na direita, William na esquerda e Ricardo Goulart entre eles tem bastante velocidade pelos lados, capacidade de pressionar a saída de bola e conta atletas acostumados a acompanhar os avanços dos laterais do rival.
O São Paulo com Boschilia, Ganso e Pato não é veloz pelos lados.
Precisa ficar com a bola no campo de ataque para a equipe criar chances de gol.
Apenas o Pato tem características de atacante.
Além disso, o trio escalado por Muricy ainda não é dos mais afeitos à marcação intensa.
Como Júlio Baptista, o centroavante do Cruzeiro, também é mais rápido que Luis Fabiano e dedicado na parte defensiva, pois atuou como segundo volante em parte da carreira, as propostas de jogo eram óbvias.
A Raposa iniciaria a marcação na frente para impedir o adversário de fazer a transição de bola ao ataque com ela no chão e evitar que Boschilia, Ganso e Pato jogassem como gostam.
E o São Paulo só começaria a marcação perto da linha que divide o gramado porque Pato e Boschilia teriam dificuldades de cuidar dos avanços de Ceará e Samudio, Ganso não é intenso na hora de defender e Luis Fabiano menos que ele.
Só assim o instável sistema defensivo são-paulino, que Muricy tanto trabalha para arrumar, tinha chances de não dar espaços para uma das equipes mais fortes do país na articulação dos lances de gol.
Cruzeiro melhor
O acerto na transição de bola da defesa ao ataque era a chave do controle do jogo para o São Paulo.
Os Celestes, competentes na marcaram da saída de jogo, sabiam disso e não permitiram que o adversário obtivesse êxito nisso.
Assim, ganharam o duelo pela posse de bola no meio de campo, frequentaram mais o ataque, mas pararam no sistema defensivo são-paulino que só errou uma vez antes do intervalo ao deixar Ricardo Goulart cabecear livre, cara a cara com Rogério Ceni.
O cruzeirense perdeu a chance clara.
No 1° tempo em que a vida dos goleiros foi mansa e a do torcedor quase sem emoções, o São Paulo também teve uma oportunidade na cobrança de falta do seu goleiro na entrada da área, que o mesmo chutou para fora.
Ela surgiu no único contra-ataque que conseguiu em todo 1° tempo, obviamente com Pato, o mais rápido do quarteto de meias e atacante.
Beabá do futebol.
Quem marca atrás, como o São Paulo fez, precisa ter contragolpe forte.
Osvaldo e Pabón estavam disponíveis no banco.
Júlio Baptista agradece
Os times voltaram do período de descanso sem mudanças.
O jogo também estava igual até o quinto minuto.
Mas a cobrança de falta de Júlio Baptista mudou o cenário.
Ele chutou forte, do lado direito, mas longe da trave.
Era defensável.
Rogério Ceni ficou parado, nem tentou ir nela talvez porque a barreira encobriu sua visão, e a nação cruzeirense festejou o 1×0.
O veterano falhou.
Ao contrário
O São Paulo decidiu correr riscos e avançou todo sistema defensivo.
O Cruzeiro topou a mudança.
Passou a marcar na linha que divide o campo para roubar a bola e usar a velocidade de Éverton Ribeiro, William e Júlio Baptista nos contragolpes.
E viu o adversário ficar com a bola no campo de ataque sem produzir nada digno de destaque.
O maior erro do Cruzeiro foi na execução dos contragolpes. Havia muito espaço e não conseguiu a chance clara de gol.
Insatisfeito com a incapacidade de seus comandados na criação, Muricy, fez a segunda mudança no time. Douglas havia se machucado durante o 1° tempo e foi substituído por Luis Ricardo.
Aos 14, trocou Boschilia por Osvaldo. Pato foi para o lado direito e o reserva jogou na esquerda. Ganso ficou entre eles na linha de três.
Dessa forma, o time tinha velocidade por ambos os lados e o jogador descansado, que aposta nos dribles, para tentar furar o bloqueio defensivo.
Aos 23, Marcelo Oliveira ‘respondeu’ ao colocar Mayke, também descansado, no lugar de Ceará que marcava Osvaldo, e Borges na vaga de Júlio Baptista.
Muricy, no mesmo momento, tirou Maicon e promoveu a estreia de Hudson.
Aos 28, quando o São Paulo, que continuava sem criar nada interessante, se aproximava mais vezes da área do Cruzeiro, Marcelo Oliveira trocou o atacante Willian pelo volante Nilton.
Montou o trio com Henrique, Lucas Silva e Nilton para proteger os laterais e zagueiros, sem com auxílio de Ricardo Goulart e, se necessário, de Éverton Ribeiro também, e radicalizou na aposta de chamar o adversário e contra-atacar.
O jogo continuou pobre de chances de gols.
Os sabores do empate
Nos acréscimos, em lance de cruzamento originado na cobrança de falta de Osvaldo.
Antonio Carlos subiu mais que Nilton e cabeceou com categoria no canto direito de Fábio.
O empate teve sabor amargo para o Cruzeiro porque aconteceu no último lance do confronto do qual era mandante e o oponente não transformava a posse de bola ofensiva em chances de gol.
Os atletas dos Celestes, nas entrevistas, deixaram nítida a frustração pelo resultado.
Os do São Paulo comemoram o ponto conquistado no final, assim como a torcida do clube que compareceu no jogo em Uberlândia.
Justo
Não foi pênalti na disputa de Luis Fabiano com Dedé, na qual o zagueiro segura camisa do atacante e a bola bate no braço dele.
A disputa foi dentro dos padrões em lances na área, o cruzeirense não teve intenção de tocar na dita cuja com o braço e nem foi negligente para isso acontecer.
A falta no gol de empate aconteceu.
A arbitragem não mudou o resultado do jogo com quaisquer erros.
O placar no Parque do Sabiá foi consequência dos erros e acertos dos jogadores.
E quando isso acontece, o considero justo.
Não vi a repetição dos lances e se mudar de ideia sobre eles farei a retificação aqui.
Escalações
Cruzeiro – Fábio; Ceará (Mayke), Bruno Rodrigo, Dedé e Samudio; Henrique e Lucas Silva; Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian (Nilton); Júlio Baptista (Borges)
Técnico: Marcelo Oliveira
São Paulo – Rogério Ceni; Douglas (Luis Ricardo), Rodrigo Caio, Antônio Carlos e Alvaro Pereira; Souza e Maicon (Hudson): Boschilia (Osvaldo), Ganso e Pato; Luís Fabiano
Técnico: Muricy Ramalho
Árbitro: Wágner Magalhães – Assistentes: Fabrício da Silva e Cristhian Sorence
Atualização (28\04 às 3h31)
Vi os melhores momentos do jogo.
Eu não marcaria a falta que originou o gol do São Paulo.