Leia o post original por Vitor Birner
De Vitor Birner
O Uruguai ressurgiu das cinzas após a derrota para a Costa Rica no grupo da morte e se classificou para o mata-mata da Copa do Mundo.
Vitórias épicas, dramáticas, com ‘corazón, garra y sangre charrúa’ diante de ingleses e italianos mantiveram a Celeste Olímpica e sua espetacular torcida no campeonato.
Diante da Azzurra, dona de meio-campo bem mais técnico que o dos compatriotas de Pepe Mujica, os comandados de Óscar Tabárez começaram o jogo se defendendo e apostando nos contra-ataques.
Na parte técnica, a excelente dupla de frente formada por Cavani e Suárez é o ponto forte dos bicampeões do mundo.
Quem tenta buscar na qualidade dos jogadores no trato de bola as explicações do sucesso uruguaio na primeira fase do torneio, não vai encontrar.
A Itália tem meio de campo superior na parte técnica. Seus alas também são mais capazes.
A capacidade de criação da Azzurra é maior.
Cesare Prandelli passou quatro anos trabalhando mais a parte ofensiva que a defensiva.
Posicionada no 3-5-2 com Chiellini, Bonucci e Barzagli formando o trio de zaga, Verratti e Pirlo de volantes, De Sciglio e Darmian nas alas, Marchisio mais adiantado no meio e os atacantes Balotelli e Immobille à frente de todos, ficou mais com a redonda até Marchisio receber o merecido cartão vermelho no começo do 2° tempo.
Balotelli poderia ter sido expulso ainda antes do intervalo. Por isso Prandelli o substituiu.
Suárez, que mordeu Chiellini, e o zagueiro que revidou com a cotovelada, também mereciam a exclusão.
O jogo foi guerreado.
Não havia ingênuos em campo de ambos os lados.
E nem pretensos artistas.
O confronto, na medida em que o tempo passou, tomou o destino diferente do simplório e explicado pela qualidade individual.
A personalidade das equipes começou a pesar acima de tudo.
E neste aspecto o grupo de atletas de Tabárez, semifinalista do Mundial e campeões da Copa América, é muito forte.
O gol de Godín, o gigante na zaga, melhor em campo, marcado de costas após ele tentar cabecear, desencadeou o urro de alívio e alegria da massa celeste nas arquibancadas.
A história do confronto pareceu um antigo e típico conto sobre o futebol uruguaio.
Me pergunto se o brilhante escritor Eduardo Galeano, um desesperado por estética de futebol, realmente consegue não ver poesia na superação dos desconhecidos limites humanos.
A felicidade da pequena nação de pouco mais de 3 milhões de habitantes e cultura rica, alegra o caloroso e receptivo povo uruguaio nesta terça-feira.
A mística da Celeste Olímpica está viva.
E a alma do futebol, por causa do espírito dos times, também.
Relembro
Já escrevi outras vezes sobre a sabedoria do presidente ‘Pepe’ Mujica, que dá aos nossos governantes uma aula de ética de gestão pública, e que aparentemente vai além da fundamental para honrar o importante cargo que ocupa.
Certa vez, ele disse sobre a seleção de seu país :
“Uruguai tem um futebol estranho: É capaz de de perder das equipes mais fracas e vencer as mais fortes. É uma tradição isso.”