Leia o post original por Vitor Birner
De Vitor Birner
São Paulo 2×0 Cruzeiro
Os times encararam o jogo como se fosse uma decisão.
Extremamente aplicados na parte defensiva, deram poucos espaços até o gol do São Paulo.
Vuaden acertou ao marcar o pênalti e falhou por não expulsar Dedé no lance.
O Cruzeiro se perdeu depois de ficar em desvantagem no placar.
Foi para cima atacando sempre pelos lados e pouco ameaçou.
Os comandados de Muricy acertaram na marcação desses lances e dos cruzamentos, seus pontos vulneráveis em vários confrontos do Brasileirão.
Criaram mais chances que o adversário ao longo do jogo.
Fábio foi, de longe, o melhor da Raposa.
Kardec aproveitou a moleza dada pela zaga cruzeirense para garantir a vitória.
A vitória merecida do São Paulo diminuiu a sua diferença entre e ele e o líder para quatro pontos, o que não é muito se levarmos em conta que ainda há 51 em disputa.
A questão é saber se o time de Muricy manterá a regularidade, fator fundamental em torneios de pontos corridos, para lutar pelo título, e se a Raposa, que tem oscilado durante as últimas partidas, será capaz de repetir o futebol que mostrou no 1° turno.
Enquanto o Cruzeiro não puder ser ultrapassado na tabela de classificação em apenas uma rodada, a situação do campeão brasileiro continuará sendo razoavelmente confortável.
Mas o conforto diminuiu.
Confiança e repetição
Os treinadores repetiram as propostas de jogos e esquemas táticos principais de seus times.
Muricy utilizou o 4-4-2 com Ganso e Kaká abertos, respectivamente dos lados direito e esquerdo, na mesma linha dos volantes Souza e Denílson, na formação do sistema defensivo.
Kardec e Pato, um de cada vez, ajudaram o meio de campo no trabalho de marcação. O ex-jogador do Palmeiras participou mais.
O companheiro de ataque ficou adianto porque é veloz e podia levar a melhor contra o estabanado Dedé e Leo.
De posse da bola, Kaká e e Ganso atuam em frente ao volantes e se movimentam muito.
Souza também participou constantemente do sistema ofensivo.
Os laterais Auro e Alvaro Pereira apoiaram de forma tímida.
Marcelo Oliveira usou o 4-2-3-1 campeão brasileiro no último Brasileirão e líder do torneio em andamento.
Manteve Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, na direita e no centro do perigoso e rápido trio de criação, e optou pelo jovem Alisson na esquerda.
Os três voltaram para ajudar Lucas Silva e Nilton, opção do técnico para a vaga de Henrique, suspenso.
A ausência do titular gerou algum prejuízo na parte ofensiva.
Isso não impediu o Cruzeiro de usar os laterais Maike e Ceará, além da dupla de volantes, nas tentativas de a equipe criar lances de perigo.
Respeito
São Paulo e Cruzeiro alternaram dois posicionamentos no começo da marcação.
Ou pressionaram a saída de jogo ou iniciaram as tentativas de recuperação de bola cerca 15 ou 20 metros à frente da linha que divide o gramado.
A enorme dedicação à parte defensiva mostrou o respeito de ambos pelo sistema ofensivo que cada um enfrentou.
Durante 35 minutos os times não conseguiram fazer a transição de bola, pelo chão, ao ataque.
Viveram de lançamentos longos na maioria das vezes.
As oportunidades que tiveram foram geradas por falhas individuais.
Aos 5, Everton Ribeiro errou o passe no meio, a bola bateu em Alan Kardec, ficou para o Pato no contra-ataque que terminou com Ganso. livre, chutando de fora da área e Fábio defendendo com tranquilidade.
Aos 16, Ganso cobrou a falta, Ricardo Goulart marcava Toloi na jogada aérea, mas não acompanhou o zagueiro, que ficou livre na pequena área e perdeu uma grande oportunidade porque furou o cabeceio.
Nesse lance, além do equívoco do meia, também houve o de leitura do confronto, pois Marcelo Moreno era o o cara certo para vigiar o zagueiro.
Aos 18, Rogério Ceni falhou no lançamento longo, Ricardo Goulart ficou sozinho na meia e tentou encobrir o goleiro.
Por pouco não conseguiu.
Aos 28, o sistema defensivo do São Paulo bobeou e o Cruzeiro mostrou sua tradicional e admirável qualidade ao contra-atacar.
Começou com Everton Ribeiro e depois da rápida torca de passes, Ricardo Goulart, na área, finalizou forte no ângulo esquerdo.
Rogério Ceni relembrou seus ótimos momentos ao fazer a defesa difícil.
Meio acerto do árbitro
Aos 36, Ganso, na área, driblou Dedé e o zagueiro, estabanado como de costume em momentos difíceis, derrubou o meia após ser driblado.
O árbitro deu o pênalti, mas não mostrou o amarelo porque seria obrigado a expulsar o zagueiro.
Ou seja, amarelou do jeito errado.
O próprio Dedé, no ato de rara honestidade no mundo do futebol, disse, de acordo com informação de repórteres no jogo, que fez pênalti e acharia normal ser excluído do confronto por causa da infração.
A questão é o critério adotado pelos árbitros.
O cartão amarelo mostrado ao zagueiro Titi, na vitória por 2×1 contra o Bahia, mostra a diferença de interpretação dos árbitros e a falha de Vuaden.
Se normalmente não fosse mostrado o amarelo nas jogadas parecidas, eu diria que o responsável pelo cumprimento das regras acertou.
Kaká, por causa da reclamação, foi punido.
Rogério Ceni cobrou forte, no meio de gol, e Fábio, ao invés de esperar o chute, caiu antes dele no canto esquerdo.
Cruzeiro se perde
Cruzeiro, tal qual se diz no futebolês, sentiu o gol.
O São Paulo frequentou mais o ataque e quase ampliou aos 45 minutos.
Lançamento muito difícil, bonito e perfeito de Kardec colocou Kaká de frente para o Fábio.
O goleiro, preciso e também perfeito, saiu rapidamente, fechou o ângulo e impediu o gol.
Atento
Alguns ex-árbitros confirmaram, depois de encerrarem suas carreiras, que ficavam sabendo dos seus erros, pois alguém acabava contando, no vestiário durante os intervalos dos jogos.
Marcelo Oliveira fez a leitura perfeita da situação e voltou do período de descanso com Manoel no lugar do Dedé.
O titular entraria em campo sob o olhar diferente de Leandro Vuaden.
Estava pendurado e treinador orientou os jogadores para adotarem proposta de jogo mais arriscada.
São Paulo aproveita necessidade do Cruzeiro
A Raposa tem atletas rápidos na linha de três do 4-2-3-1 e os laterais frequentam muito o ataque.
Marcelo Oliveira certamente viu os confrontos anteriores do adversário e os erros defensivos na marcação naquelas regiões do campo e nas bolas aéreas.
Perdendo por 1×0, o treinador insistiu na ideia de atacar pelos lados.
O fez de maneira mais agressiva, abrindo espaços para os contra-ataques.
Os comandados de Muricy repetiram os acertos do 1° tempo na parte defensiva e aproveitaram as lacunas deixadas pelos celestes.
Logo aos 4 minutos, Maike ficou sozinho contra Alvaro Pereira e Kaká. O uruguaio tocou para o meia cruzar e Alan Kardec, de frente para o Fabio, de longe o destaque cruzeirense no confronto, perdeu a chance.
Em seguida a Raposa teve a melhor oportunidade para igualar e mudar o clima no Morumbi barulhento e lotado.
Everton Ribeiro, que em alguns momentos trocou de lado com Alisson, recebeu a bola do lado esquerdo da área com a defesa são-paulina desarrumada.
Podia tocar para Ricardo Goulart ou Marcelo Moreno, os dois livres e um pouco atrás dele, ou chutar com Rogério Ceni fechando o ângulo.
Preferiu bater com força, o goleiro defendeu e os companheiros de Ribeiro reclamaram.
São Paulo melhor
O Cruzeiro decidiu ir para cima em busca do empate.
Mas a postura ousada foi melhor para o rival.
O São Paulo, com a participação intensa de Kardec na marcação, jogou um pouco mais atrás, parou o forte sistema ofensivo cruzeirense e apostou nos contra-ataques, cruzamentos e chutes de média distância.
Também fez o possível para valorizar a posse de bola.
Aos 16, Edson Silva, de fora da área, obrigou Fabio a fazer outra defesa difícil.
Aos 18, Marcelo Oliveira abriu mão de um volante ao substituir Lucas Silva por Dagoberto.
A mexida não surtiu efeito positivo.
Kardec aproveita a falha e amplia
Aos 25, Ganso cobrou escanteio, Marcelo Moreno desviou a bola e Kardec, na pequena área, com reflexo rápido conseguiu cabecear meio torto e cara a cara com Fabio.
O goleiro fez uma bonita defesa e o centroavante, no rebote, fez o gol.
Não é possível o sistema defensivo do Cruzeiro deixar o especialista na bola aérea completamente livre.
Acho que o erro foi do Léo, mas de qualquer maneira havia apenas o zagueiro e um companheiro cuidando de Kardec e Pato.
Controlou
O São Paulo mandou no restante do confronto.
Marcelo Oliveira substituiu Ricardo Goulart, que jogou mal, por Julio Baptista que só é superior ao titular na jogada aérea.
Como o Cruzeiro perdeu o duelo para o sistema defensivo do São Paulo e apostou nas jogadas pelos lados, tinha que levantar bolas na área para tentar achar o gol e mudar o ‘placar’ do duelo emocional ( jogo de futebol é uma disputa tática, técnica, física e psicológica) totalmente favorável ao time mandante.
A mudança facilitou ainda mais para o São Paulo manter a bola no ataque enquanto os torcedores comemoravam na arquibancada e gritavam olé.
Michel Bastos entrou no lugar de Pato, que não fez gol mas de fato atuou muito bem, aos 41 minutos.
Vitória justa do vice-líder do Brasileirão
Ficha do jogo
São Paulo – Rogério Ceni; Auro, Rafael Toloi, Edson Silva e Alvaro Pereira; Denilson, Souza, Ganso e Kaká; Alexandre Pato (Michel Bastos) e Alan Kardec
Técnico: Muricy Ramalho.
Cruzeiro – Fábio; Mayke, Léo, Dedé (Manoel) e Ceará; Nilton e Lucas Silva (Dagoberto); Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart (Júlio Baptista) e Alisson; e Marcelo Moreno
Técnico: Marcelo Oliveira.
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (Fifa)
Assistentes: Rafael da Silva Alves e José Antônio Chaves Franco Filho
Público: 58.627 pagantes. Renda: R$ 2.485.066,00